Wednesday, May 10, 2006

Os Beatles e a solidão de Eleanor


















Em 1966, a poucas semanas da gravação do álbum Revolver, George Martin, produtor dos Beatles, ouviu Paul McCartney cantar ao piano uma canção intitulada “Eleanor Rigby”. Martin terá percebido a inspiração barroca da melodia e sugeriu à banda que pusesse de lado os instrumentos tradicionais de uma Rock band: em vez disso um octeto de cordas. Paul e os companheiros seguiram, como noutras vezes, a sugestão do seu produtor e uma canção pop, que falava de solidão e de gente solitária, com um acompanhamento de música de câmara, foi número um nos tops britânicos. Tinham passado apenas quatro anos desde o lançamento do primeiro single,“Love Me Do”, mas a viagem musical dos Beatles era já muito longa.
Da memória desses tempos há factos que na distância de várias décadas permanecem notáveis: um deles é a qualidade musical presente em muitas das canções que então atingiam os tops - coisa quase impossível nos tempos que correm. A própria carreira dos Beatles enquanto grupo que conheceu o sucesso numa fase muito inicial da sua carreira, deixa adivinhar uma demanda incessante no sentido da inovação nos planos técnico e formal. O êxito dos Beatles, em vez de os reduzir ou condicionar a uma fórmula eternamente repetida foi marcado pela busca sistemática de novos sons, novas harmonias e novos ritmos. Para isso recorreram a fontes tão diversas como a música tradicional indiana, à própria música barroca ocidental, ou à exploração criteriosa das possibilidades oferecidas pela tecnologia de ponta da gravação em estúdio em meados dos anos sessenta.
George Martin, a quem um dia chamaram o quinto Beatle, escreveu o arranjo tendo Paul McCartney escrito a segunda linha melódica tocada por um violoncelo.

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